TRIBUTAÇÃO
Relatório do FMI afirma que países mais endividados deveriam aumentar progressivamente os impostos dos mais ricos para enfrentar crise e pede para proteger empregos antigos.
Os reflexos financeiros e sociais da crise mundial causada pelo novo coronavírus, ainda devem ser sentidos por muito tempo e, por isso, os governos dos países mais afetados devem continuar a ajudar os mais vulneráveis.
Mas, diante de uma maior pressão sobre os recursos limitados, o Fundo Monetário Internacional recomendou, nesta quarta-feira (14), que as nações devem considerar aumentar os impostos sobre as famílias e empresas mais ricas.
O FMI também pediu para que os governos deixem de proteger “empregos antigos” e aumentem os investimentos públicos em infraestruturas e energia verde, aproveitando este momento “para se afastar do modelo de crescimento pré-crise e acelerar a transição para uma economia digital e de baixa emissão de carbono”.
Os gastos devem ser mais focados em empregos do futuro, aponta o credor global em seu último relatório “Monitor Fiscal”, publicado no âmbito de suas reuniões anuais realizadas esta semana em formato virtual.
Os governos injetaram US$ 12 trilhões na economia mundial desde o início da pandemia, mas agora “muitos países terão que fazer mais com menos, devido às crescentes restrições orçamentárias”, disse Vitor Gaspar, chefe do Departamento de Finanças Públicas do FMI.
As economias de mercados emergentes, com maiores restrições de financiamento, precisarão reordenar as prioridades de gastos e melhorar a eficiência. “Alguns possivelmente vão precisar de apoio financeiro oficial e alívio da dívida”, disse ele em um blog que acompanha o relatório.
Os formuladores de políticas “devem ser mais seletivos”, abandonando “gradualmente” o apoio a empregos em setores antigos para alocar recursos para formações que permitam que os desempregados tenham acesso aos empregos do amanhã, disse ele.
Além disso, “os governos devem (…) avaliar a aplicação de impostos mais elevados para os grupos mais ricos e empresas mais lucrativas”, apontou Gaspar, que assinou o texto com seu vice Paulo Medas e dois economistas do FMI, John Ralyea e Elif Ture.
Gastos que seriam cobertos
A renda adicional ajudaria a pagar por serviços essenciais, disseram eles, incluindo redes de saúde e proteção social “durante uma crise que afetou desproporcionalmente os segmentos mais pobres da sociedade”.
Os governos “devem agir de forma decisiva para tornar as economias mais inclusivas e resilientes e conter o aquecimento global com medidas verdes que também impulsionem o crescimento e o emprego”, concluíram.
Na terça-feira, o FMI apontou que espera uma contração do PIB mundial de 4,4% neste ano, abaixo da estimativa de junho, de 5,2%.
A pandemia do novo coronavírus causou mais de um milhão de mortes em todo o mundo e quase 38 milhões de casos. E prejudicou as economias, independentemente do tamanho.